O lodo de esgoto, atendendo as exigências ambientais, apresenta potencial para disposição em solos agrícolas. Sua incorporação altera as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, pois é rico em macro e micronutrientes e matéria orgânica. Estas alterações podem proporcionar benefícios como aumento da disponibilidade de nutrientes às culturas, indução de supressividade a fitopatógenos habitantes do solo e de resistência às doenças da parte aérea. Por outro lado, pode influenciar negativamente o equilíbrio biológico e químico no solo, devido à presença de contaminantes. O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos da incorporação de lodo de esgoto ao solo sobre a severidade de oídio (Erysiphe diffusa) e na supressividade a Rhizoctonia solani e a Macrophomina phaseolina da soja (Glycine max). Para tanto, foram utilizados solos que receberam quatro aplicações (1999 a 2001) sucessivas de lodos de esgoto originários das Estações de Tratamento de Esgoto de Barueri e de Franca, SP, nas concentrações de 0, 1, 2, 4 e 8 vezes (0N a 8N) a dose de N recomendada para a cultura do milho. Os estudos com oídio foram realizados em casa de vegetação com inoculação natural em dois cultivos sucessivos de soja. Também foi estudado o efeito de substrato produzido com 0%, 2,5%, 5% 10%, 15% e 20% de lodo de Franca sobre a emergência de plântulas e sobre a severidade de oídio da soja em três e dois ciclos, respectivamente. Nos estudos com R. solani e M. phaseolina, os solos foram artificialmente infestados com os patógenos e posteriormente cultivados com soja por dois ciclos, sendo avaliado o tombamento e a severidade das doenças. A aplicação de lodo de esgoto no solo aumentou a atividade eliciadora de fitoalexinas em soja e a severidade do oídio foi inversamente proporcional às concentrações do lodo, tanto no estudo com o solo de campo, como com o substrato obtido com o lodo de Franca. A emergência das plântulas de soja, nos três cultivos, foi inversamente proporcional à concentração do lodo de Franca, sendo totalmente inibida na concentração de 20%. Nos estudos com R. solani não foram observados efeitos da aplicação do lodo da ETE de Franca sobre o tombamento e a severidade. No primeiro cultivo a resposta ao tombamento foi quadrática para o lodo Barueri, sendo que ocorreu aumento nas concentrações de 1N e 2N, e redução na concentração 4N. No segundo cultivo ocorreu aumento nos índices de tombamento de plantas em relação ao primeiro, com resposta quadrática para o lodo Barueri, mas com ponto de inflexão mínimo na concentração de 1N, sendo que para a concentração 8N o tombamento foi semelhante à testemunha. A severidade da doença no colo das plantas manteve a mesma resposta quadrática para o lodo de Barueri nos dois cultivos, com ponto de máximo na dose 4N. Para M. phaseolina a incidência da doença foi inversamente proporcional à concentração do lodo de Franca. Dessa forma, os resultados não permitem conclusão sobre a indução de supressividade à R. solani e M. phaseolina.
Sewage sludge, complying with environmental demands, has potential for use in agriculture. The incorporation of sewage sludge may changes the chemical, physical and biological soil properties, for being rich in macro and micronutrients and organic matter. These changes can provide benefits such as the increase in the availability of nutrients for plants, and the induction of suppressiveness to soilborne plant pathogens and resistance to foliar diseases. However, it may influence negatively the biological and chemical balance of the soil, due to the presence of contaminants. The objective of this work was to evaluate the effect of sewage sludge on the severity soybean (Glycine max) powdery mildew (Erysiphe diffusa) and on suppressiveness to Rhizoctonia solani and Macrophomina phaseolina The experiments used soil which received four successive applications of sewage sludge (from 1999 to 2001), originally from the wastewater treatment station of Barueri and Franca counties, São Paulo State, Brazil, in concentrations of 0, 1, 2, 4 and 8 times (0N to 8N) the dose of N recommended for corn. Two experiments were conducted to investigate the effects of sewage sludge on soybean powdery mildew (E. diffusa) in a naturally infested greenhouse. In another experiments, the soybean emergency and powdery mildew severity were evaluated in plants growing in container media mixed with 0; 2.5; 5; 10; 15 and 20% of sewage sludge from Franca Sewage Treatment Station. A similar experiment was conducted twice to evaluate the effects of sewage sludge on seedling emergence, damping-off incidence, and severity of R. solani and M. phaseolina. In this case, the soil was artificially infested with the pathogens. Sewage sludge incremented elicitation of phytoalexins in soybean and the severity of powdery mildew was reduced with an increase in the concentration of sludge in the soil and substrate. Seedling emergence, in the three cropping periods, was inversely proportional to the Franca sewage sludge concentrations, at 20% totally inhibited the soybean seedling emergence. Franca sewage sludge not affects damping-off and severity caused by R. solani. For Barueri sludge, in the first cropping, there was a quadratic response for damping-off, with increased of 1N and 2N, and reduction at 4N. In the second cropping, increased damping-off, but a quadratic response with an inflection point at 1N. On the other land, the damping-off was the same for control and 8N. For severity, in two soybean cropping, Barueri sludge presents a quadratic response with an inflection point at 4N. The incidence of M. phaseolina was inversely proportional to Franca sewage sludge concentration. In the present study, there were no treatment affects the suppressiveness of R. solani and M. phaseolina.